Minha vida sempre foi um tanto normal demais ou chata. Nunca
fiz algo significativo para alguém com um livro meu, poema ou texto
jornalístico. Ás vezes, apenas penso que sobrevivo, pois viver é diferente,
apenas sabemos ser diferente, pois não há uma explicação que não seja apenas
química, física, matemática e biológica para ela que possa explicar esse
sentimento e aflição de apenas viver.
Mas então eu conheci ele, o Doutor. O homem de dois
corações. Da constelação de Kasterborous. Do planeta de Gallifrey. Vindo da Guerra
dos tempos. Junto de sua caixa azul. Em outras palavras, apenas um homem louco.
Um homem louco que apenas os mais loucos conhecem. Estes não sendo loucos
apenas por conhecê-lo, mas por pularem naquela pequena grande caixa e suportar
tudo com um sorriso no rosto.
Tudo começou no meu último ano de faculdade, eu fazia jornalismo
e o estagio que eu fazia dava pouco, além de me fazer trabalhar muito. “Experiencia”
disseram e eu quis responder “Dane-se a experiencia”, mas seria uma falta de
educação e junto de uma vida normal demais, se começa a suprir palavras que
possam magoar e até mesmo seus próprios sentimentos e pensamentos conturbados.
Era outono, se ainda se contam os meses, a noite parecia
fria e as salas estavam desertas, pois o Sol já havia deixado aquele lugar a
tempo. O jornal o qual eu trabalhava era um prédio enorme com janelas
espaçadas e mesas para todos, menos eu, os mesmos em seus cubículos. A sala do
chefe era pequena, mas ainda cabia uma enorme mesa para reuniões. E foi ali que
eu vi algo que nunca deveria ter visto.
Meus olhos estavam cansados e na mesa de um dos empregados
eu relia um dos últimos artigos a serem entregues para a impressão, pelo que
parecia alguém faltara e eu teria de ficar até as oito horas trabalhando.
De inicio o ar parecia meio elétrico, seu cheiro era
metálico além de diversos outros. Parecia mais uma loja de aparelhos
eletrônicos ou que alguém consertava a fiação elétrica. Depois vieram as luzes,
meus olhos se acostumaram com os clarões consecutivos de cerca de trinta
segundos entre um e outro e rapidamente tentei ignorar, na minha concepção e
com os fones em volume máximo, deveria ser a chuva.
Até que...
- Eureka! – a voz quase ensurdecedora de alguém surgiu em
meio a escuridão, me levantei em meio aos cubículos e olhei para a janela,
nenhuma gota de água, depois tentei me acostumar ao escuro e nada vi até que a
voz se tornou voltou, mas mais baixa, quase como um sussurro, quando você está
conversando consigo mesmo.
Tirei os fones e comecei a andar em meio aos cubículos,
todos vazios, a exceção de um. No mesmo, havia um homem de cabelo escuro e
óculos estranhos que você apenas adquiri no cinema e mesmo assim, apenas se
fosse a cerca de dez anos atrás. O mesmo mexia no ultra book a sua frente como
se fosse seu, tirando e pondo fios das cores mais variadas.
- Eureka! – o homem gritou novamente, não olhava em meus
olhos e eu muito menos nos dele, apenas via aquela óculos de papelão de lado.
Era bizarro por falta de palavras.
Limpei a garganta tentando chamar a atenção, mas nada
ocorreu.
- Eletricista, eu suponho. – ainda nada. Logo, cutuquei o
seu ombro e assim ele virou. Seus olhos, um vermelho e outro azul pelos óculos
me fizeram ficar assustado. Estavam esbugalhados e ele nada respondeu, apenas
se virou novamente e um clarão que me cegou por segundos tomou a sua frente. –
Com licença, mas o Sr. Harris nada disse sobre...
- Não sou eletricista. – uma revelação e tanto, o homem
louco falava.
- E quem seria? – perguntei pausadamente, ajustando a
gravata, a noite parecia ter se tornado longa.
- Sou o Doutor.
- De que?
- Como assim “de que”?
Desisti e logo mudei a pergunta.
- Apenas Doutor?
- Apenas Doutor.
Estava lidando com um louco e isso não era novidade.
- Mas... Doutor quem?
- Gosto quando perguntam isso, achei que não perguntaria. –
ele começou a rir.
- Entendo. O que está fazendo no computador?
- Ajustando os servidores, mas me conectar a nave cybermen e
conseguir destruí-la, pois apenas desativá-los em meio ao espaço de nada
adianta. – ele fez uma pausa – Você não entenderia se eu explicasse que seu
chefe estava sendo controlado por cybermens e muito menos que o homem que você
esta substituindo morreu devido a um pulso eletromagnético que não queimou
apenas o “cyber-wi-fi”, mas todo o cortéx cerebral. Eu disse para ela não
apertar o botão... Sabe como é...
- O que?! – eu quase gritei, meus sentidos estavam
embaralhados e eu não sabia se estava com frio ou calor ou se o suor pelo meu
corpo significava algum tipo de doença.
- Você não entenderia.
- O que? – eu comecei a repetir a palavra como consequência
daquele homem que se denominava Doutor ter acabado com a minha linha de
raciocínio e quase pensei que por consequência seu córtex cerebral.
- Você não entenderia. Mas sabe o que é frustrante? Você
deixa uma garota perfeita ir para um mundo paralelo e logo encontra uma que
queima o “cyber-wi-fi”. Ótimo. Eu disse para aquela ruivinha que era melhor eu
ficar sozinho.
- O que?
- Você não para, né?
Me silenciei e fiquei ali em pé, comecei a pensar que toda a
situação poderia ser um sonho, até que ele se levantou e pegou a minha mão. Seu
toque era frio e eu odiava, mas era apenas isso que eu sentia, meus ouvidos
pareciam ter sido desconectados e eu apenas distinguia palavras como “Cinco” ou
“Explosão” sendo proferidas pelo homem louco.
O mesmo me puxou como se algo fosse acontecer e iria.
Paramos enfrente a vidraça e assim eu vi, o céu se iluminara com um belo fogo
de artifício, ou pelo menos eu achava ser, pois antes de conhecer o Doutor, ou
pelo menos apenas saber que ele é um alienígena, nada é o que é.
Meu nome é John. E não imaginava me apaixonar por viajar e
viver depois de tanto tempo apenas sobrevivendo. Olhei uma última vez para o rosto dele e ele parecia triste, seu sorriso era triste. Parecia um bom homem, apenas fugindo de seus fantasmas.
~Rory
hmmmmmmm John! HUEHUEHUEHUEHUE
ResponderExcluirCara, parabens! Você retratou bem o Tennant.
Obrigado :D
ExcluirAh! E eu sou péssimo com nomes.
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